quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Folclore da Região Nordeste - Artesanato do Ceará


Mescla de índios, negros e brancos o cearense é um dos povos mais alegres do Brasil. E criativo, também: eles dominam várias técnicas e conseguem transformar argila, madeira, couro, fios finísimos como a linha ou rústicos como o cipó empeças de arte. Na cadência dos bilros as mulheres vão tecendo filigramas: assim nascem as rendas, também conhecidas como "da terra".

Folclore da Região Nordeste - Artesanato do Piauí


Alternativa de ocupação e renda na sociedade piauiense, o artesanato tem importância secular. Em Pedro II encontramos o mais expressivo centro de produção de tecelegem manual do Estado. Ali confeccionam-se de forma constante, redes, mantas, tapetes, mochilas e bolsas. Na Ilha Grande de Santa Isabel, onde é abundante a palha de carnaúba, cestaria e trançados despontam numa grande variedade de objetos utilitários e tapetes.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Folclore da Região Nordeste - Artesanato do Maranhão


De acordo com a crença popular afro-brasileira, o Cazumbá veio de outro mundo e vaga pela noite espalhando medo e fazendo travessuras. No Bumba-meu-boi do Maranhão, o Cazumbá ganha outros papéis, entre eles, louvar os santos de junho, especialmente São João.

São Luís foi fundada pelos franceses em 1612 e colonizada por portugueses. Passeando pelas ruas, andando pelas praças, admirando casarões e igrejas é fácil descobrir traços da herança portuguesa... com um certo charme francês. Só mesmo conhecendo esse cenário, seu artesanato riquíssimo, os famosos casarios, as pessoas, enfim a História do Maranhão fica fácil entender por que tanta beleza passou a pertencer à humanidade.

Folclore da Região Nordeste - Artesanato


São Luís do Maranhão: fundada por franceses, colonizada por portugues e invadida por holandeses, conta sua história através de seu rico artesanato. Imagens religiosas e tecelagens que reproduzem símbolos encontrados em sítios arqueológicos expressam a riqueza artesanal de Piauí e Pernambuco. Mescla de índios, negros e brancos o cearense é um dos povos mais alegres do Brasil. Em sua arte, o cearense aplica os ensinamentos das raças que o formaram. No Rio Grande do Norte o bordado representa a principal atividade econômica da mão-de-obra feminina. Na Paraíba, a população mais pobre encontra esperança e alternativa de sobrevivência no artesanato. O bordado Boa-Noite da Ilha do Ferro em Alagoas e o Rendedê dos Sergipanos. E no Berço do Brasil e da liberdade de expressão artística, a Bahia cultua variadas formas de artesanato.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Bebidas (Afurá)


Bebida fermentada, provavelmente usada pelo africano, nos cerimoniais ritualísticos, e que continuou a prepará-la no cativeiro, irradiando-a da Bahia, é feita com bolos de arroz, moído em pedra; no Pará é empregada farinha de arroz e o próprio cereal, que são cozidos com um pouco de açúcar, ficando de infusão em potes de barro.

domingo, 27 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Bebidas (Açaí)


No Pará chama-se açaizeiro à Palmeira, cujo fruto é o açaí, que produz o vinho ou refresco, de igual nome, bebida integrante da alimentação cotidiana nesse Estado. Apanhados os cachos da palmeira açaí, que faz parte da paisagem florestal da Amazônia, do gênero Euterpe , são esbagoados e postos em água morna para amolecer a polpa dos caroços, que são amassados com a mão ou a máquina acionadas a eletricidade. Da massa sanguíneo-arrocheada, passada em peneira, se amassada a mão, dissolvida em várias águas, forma-se o vinho – a bebida açaí, engrossada à vontade de quem vai tomá-la. O seu complemento é farinha-d’água ou de tapioca (granulada), com açúcar ou não, preferindo-os as populações do interior, sem açúcar e bastante farinha. Pode ser tomado como refresco, gelado ou em sorvete, que dizem, “desnatura” o gosto do fruto. Transferido para o folclore alimentar paraense, adquiriu foros de simpatia fixadora, de conformidade com o ditado popular:

Folclore da Região Norte - Culinária


A cozinha amazônica tem seu habitat e é dentro dele que ela se realiza, se afirma, tornando-se precária quando daí se desloca, já que vive em função de especialidades regionais. Ela tem um ritual próprio na caça, na pesca, nos molhos (alguns dos quais, como o tucupi, guardam ainda um sabor selvagem), que não suportam viagens a longas distâncias, exigindo o consumo imediato. Tudo o que constitui o arsenal de guisados e especialidades no extremo norte vem de nossos antepassados da selva, é caracteristicamente ameríndio e constitui uma típica herança alimentícia.

sábado, 26 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - O Boiadeiro de Roraima


O estado de Roraima, no planalto das Guianas, oferece boas condições para a criação de gado. Os peões, campeiros e vaqueiros de Roraima são geralmente descendentes de índios (das tribos macuxi ou vapidiana) que se miscigenaram com os brancos. Ganham pouco de seus patrões mas têm permissão de comer carne das reses. Comem carne cozida com farinha de mandioca, bebem leite ou fazem queijo. Não usam uma roupa especial porque não há caatingas nem espinhos. A camisa simples, calça comum, às vezes, perneira curta de pele de veado. Chapéu de palha de palmeira preso por um fio de palha. Usam um laço de dez ou doze braças de couro cru para o trabalho nas fazendas, retiros e “lavrado” (campos extensos).

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Folclore da região Norte - Arpoador de Jacaré


As enchentes e os jacarés são os inimigos dos criadores de bovinos e búfalos
da Ilha de Marajó.

As enchentes nos terrenos baixos exigem o transporte dos animais para lugares mais altos. Às vezes eles são colocados em marombas, verdadeiros jiraus, armações que protegem os bois e búfalos dos peixes (principalmente as piranhas) e dos jacarés. Os vaqueiros levam para as marombas o capim e a alimentação.

Para lutar contra os jacarés, os fazendeiros contratam os arpoadores.
Caboclos com prática de lançar o arpão. Como na pesca do pirarucu, é lançado de cima das canoas ou das margens das lagoas.
Morto o jacaré, retiram seu couro para vender.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - O Vaqueiro do Marajó


Nos primeiros anos de colonização foi introduzido, na ilha de Marajó, o gado vacum. Conta-se que nos fins do século XIX um navio, que levava para um país vizinho alguns casais de búfalos indianos, naufragou perto da foz do Amazonas. Alguns animais conseguiram sobreviver nadando até a ilha de marajó. Eles se multiplicaram e os fazendeiros perceberam que eram mais resistentes do que o gado vacum. Mais zebus indianos foram levados para a região e cruzados com o gado vacum existentes. O resultado foi excelente.
Os fazendeiros constroem suas casas nos lugares altos e firmes. Usam ucupu, madeira que leva séculos para apodrecer.
Os vaqueiros de Marajó são caboclos, mestiços de índios e brancos. Usam chapéu de palha de copa redondo e abas largas. Forram a copa com folhas para se proteger do sol e da chuva. Suas roupas são simples. Camisa e calças próprias para o clima quente. Além do chapéu de palha e da calça de cor clara, o que mais se distingue é a camisa. É a camisa que mostra a classe do vaqueiro de Marajó. Ela é bordada. A fazenda é leve, artisticamente trabalhada.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - O Apanhador de Castanhas


No Baixo Amazonas, Estado do Pará, é abundante a presença de uma árvore muito alta. A bertholletia excelsa, nome científico do castanheiro-do-pará.
A castanha dá dentro de uma carapaça chamada ouriço. O apanhador não sobe na árvore, arma sua barraca perto, mas não muito próximo à árvore, pois um ouriço quando cai na cabeça de um homem pode até matar. Espera o ouriço cair quando os frutos estão maduros e vai à cata.
Cada ouriço contém de doze a vinte castanhas. Depois de retirar os frutos do ouriço, o castanheiro os leva de barco até o barracão do proprietário do castanhal.
Um pé de castanha-do-pará pode produzir cerca de quinhentos quilos de castanhas por ano. A árvore pode alcançar até cinquenta metros de altura, em média tem vinte metros.
A coleta tem início na ocasião das cheias, ao contrário do seringueiro que só trabalha nas secas. Nessa época o castanheiro está descansando.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Garimpeiro


A denominação - garimpeiro - veio de um vocábbulo pejorativo - Grimpeiro. Os grimpeiros subiam as grimpas no passado, fugindo ao fisco. Eram os grimpeiros, mais tarde garimpeiros. O nome hoje não tem mais o sentido pejorativo. É o nome de homens arrojados que lutam na extração de pedras preciosas, ou de ouro, nos terrenos de aluvião ou quebrando cascalhos para a busca de metais preciosos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Bicho Visagento


Entidade sobrenatural, nome genérico para todos os sobrenaturais da água ou da mata da floresta amazônica.

domingo, 20 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Seringueiro


Além da seringa e da castanha, o seringueiro tira da mata quase tudo o que precisa para viver. Tira a madeira de paxiúba para as casas, a palha de aricuri ou jarina para os telhados, o terreno de roçado para o arroz, feijão, milho e mandioca, com a qual faz farinha também. Os insetos e raízes alimentam as galinhas, porcos, perus e patos, às vezes até alguma vaca e umas poucas cabeças de gado. A mata dá caça variada e farta – veados, porcos-do-mato, pacas, antas e peixes – é também o jardim de infância das crianças, que se divertem com armadilhas, e o berço do universo de lendas dos seringueiros. Todo seringueiro já foi assombrado pelas almas dos que morrem, pela mãe d’água que encanta os viventes e os leva para o fundo dos rios, ou pelo caboclinho da mata, um indiozinho pequeno que é o dono das caças e persegue e castiga aqueles que caçam sem necessidade de carne fresca.

Folclore da Região Norte - TIPOS POPULARES


Além da riqueza natural, a Amazônia abriga uma fantástica diversidade cultural. Lá vivem cerca de 170 povos indígenas, com uma população aproximada de 180 mil indivíduos, 357 comunidades remanescentes de antigos quilombos e milhares de comunidades de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçuaeiras, entre outras.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Mãe-da-Lua


Ave noturna, seu canto melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor, cercou-a de misterioso prestígio assombrador. Está rodeada de lendas superstições, espavorindo a gente do campo, personalizando fantasmas e visagens pavorosas. Só quem haja ouvido o grito da mãe-da-lua pode medir a impressão sinistra e desesperada que ele provoca durante a noite.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Juriti-Pepena


Superstição do Pará, em que se crê na vinda de uma juriti invisível que canta numa touceira de tajás. Os pios lamentosos da ave misteriosa anunciam desgraças, que serão evitadas por um feiticeiro, pajé, mestre, que saiba rezar, afastando o presságio.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Mãe do Mato


Superstição do Pará. Nos acampamentos feitos dentro das matas, os trabalhadores, ao se encaminharem para o serviço, desatam as redes ou desarmam as camas, com medo de que a velha Mãe-do-Mato, protetora dos animais fabulosos possa aparecer.

Folclore da Região Norte - Cumacanga


O lobisomem, cuja cabeça se solta do corpo, e que denominam Cumacanga, é sempre a concubina de um padre, ou a sétima filha do seu amor sacrílego. O corpo fica em casa e a cabeça, sozinha, sai, durante a noite de sexta-feira, e voa pelos ares como um globo de fogo.


Pedrinho adorou essa Lenda.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Mapinguari


É um animal fabuloso, semelhando-se ao homem, mas todo cabeludo. Os seus grandes pêlos o tornam invulnerável à bala, exceção da parte correspondente ao umbigo. Segundo a lenda, é ele um terrível inimigo do homem, a quem devora.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Matuiú


Indígenas fabulosos que tinham os pés invertidos, com os calcanhares para frente. Primeiro a registrá-los foi o Jesuíta Cristóbal de Acuña em 1639, descendo o rio Amazonas, citando uma nação de “gente onde todos têm os pés para trás, de modo que quem não os conhecendo, quisesse seguir as suas pegadas, caminharia sempre em direção contrária à deles. Chamam-se mutayús e são tributários destes tupinambás

domingo, 13 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Andorinha


Entre os indígenas caxinauás, de raça pano, no Acre, há uma lenda da txunô, andorinha, conhecida literalmente em todo o Brasil. “Um menino, ba-kö, divertia-se na roça, perseguindo uma andorinha e conseguiu agarrá-la. A txunô disse que não a matasse que ela o levaria para o céu onde viviam todos os antepassados do menino. O ba-kö aceitou, e a andorinha mandou-o segurar-se às suas penas e subiu. Entrou para o céu, encontrando o irmão de seu pai, sobrinhos, amigos. Contou sua história a um tio e este lhe mostrou legumes, casas bonitas e o chão coberto de areia branca e fina. Lá de cima vêem tudo. O tio do menino fez comida e o ba-kö comeu e satisfez-se. E ficou vivendo no céu.

sábado, 12 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Companheiro do Fundo


“Entre os sobrenaturais que se acredita habitar o fundo dos rios e dos igarapés ou dos poções, estão os companheiros do fundo, também chamados caruanis. Habitam um reino encantado, espécie de mundo submerso. O reino é descrito à semelhança de uma cidade, com ruas e casa, mas onde tudo brilha como se revestido de ouro. Os habitantes desse reino do fundo dos rios têm semelhança com criaturas humanas; sua pele é muito alva e os cabelos louros. Alimentam-se de uma comida especial que, se provada pelos habitantes deste mundo, os transforma em encantados que jamais retornam do reino. Os companheiros do fundo agem como espíritos familiares dos pajés ou curadores. A concepção desses companheiros é algo de vago para o leigo. Alguns acreditam que sejam botos, considerados extremamente malignos. Outros distinguem entre companheiros e botos, classificando estes últimos em uma categoria especial de seres encantados.


Emília e Narizinho ficaram com medo deste mito.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Boiúna


Cobra escura, a Mãe-d’água, de tanto destaque no folclore amazonense por transformar-se em as mais disparatadas figuras: navios, vapores, canoas... Ela engole pessoas. Tal é o rebojo e cachoeiras que faz, quando atravessa o rio, e o ruído produzido, que tanto recorda o efeito da hélice de um vapor. Os olhos fora d’água semelham-se a dois grandes archotes, a desnortear até o navegante. Os acontecimentos os mais inverossímeis são atribuídos à Boiúna.”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Motucu


Entidade misteriosa e malévola dos indígenas manaus, aruacos do rio Negro, Amazonas. O Motucu vive nas florestas e tem os pés virados como o curupira ou o matuiú. “Uma das principais fábulas provindas dos manaus é a do Motucu, ou demônio dos pés virados, cujas perenes jornadas faziam-se por intermináveis atalhos, incendiando floresta e deixando após si rochas estéreis.”

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Bicho do Mato


Rei ou governador das caças, é um caboclo grande e cinzento, que não permite que se mate bicho novo, nem que esteja amamentando; interdita a caçada às fêmeas, e, se isso acontecer, é preciso um voto propiciatório: levar um beiju e deixá-lo no mato para o bicho, do contrário o caçador será sempre infeliz. Noutras regiões do norte brasileiro e para a população mestiça, o Pai do Mato, um gigante benéfico, com atributos jurisdicionais do Curupira ou da Caipora.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - O Boto


Personagem de grande importância na mitologia amazônica, principalmente no Pará, o boto é retratado como sedutor irresistível e grande fecundador. À noite, transforma-se em um moço bonito e namorador, branco ou vestido de branco, que bebe muito e vai às festas, onde dança com as moças e depois as seduz. De madrugada, volta para o rio e se transforma em boto de novo. As mulheres seduzidas engravidam e têm filhos normais, pelo que são atribuídos ao boto muitos filhos sem paternidade reconhecida. De olfato muito apurado, o boto vira as canoas que transportam mulheres menstruadas para possuí-las. Às partes do corpo de um boto abatido são atribuídas virtudes mágicas, curativas ou afrodisíacas. O olho, seco e especialmente preparado é usado para seduzir pessoas, homem ou mulher, olhando-se através dele. O boto também pode se transformar numa moça muito bonita que atrai homens até o rio e os leva para o fundo, de onde nunca mais voltam.

sábado, 5 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - O Guaraná


Há muitos anos, vivia na selva um casal de índios que era muito feliz. Os dois eram jovens, davam-se bem e toda a tribo gostava deles. Apenas uma coisa faltava, para que fossem completamente felizes: um filho. Resolveram pedir esta graça a Tupã, que os premiou com um menino forte e sadio. Toda a tribo ficou contente: agora, nada mais lhes faltava! O tempo foi passando e a criança ficava cada vez mais forte e bonita. Era um menino muito vivo e tinha sempre alguma coisa com o que empregar o tempo. Se não estava ajudando sua mãe a fazer algum serviço, ia com o pai à caça ou à pesca, embora não gostasse de matar nenhum bicho. Quando não tinha mesmo nada que fazer, visitava os outros índios, com os quais sempre aprendia alguma coisa, pois era muito inteligente e curioso. Por ter um coração cheio de bondade, era admirado por todos. Seus pais eram o casal mais feliz daquela tribo. Ninguém possuía um filho assim. Pouco a pouco, o menino foi conhecendo a vida e os segredos da floresta, aonde ia sempre acompanhado. Havia uma coisa que o deixava muito intrigado. Era Jurupari, o espírito do mal. Tinha ouvido alguns dos mais velhos falarem rapidamente sobre este demônio. Todas as vezes, porém, que o menino pedia que lhe contassem quem era e o que fazia Jurupari, eles nada diziam. Achavam que ele era muito novo para estas revelações. E, assim, este ficou sendo o único segredo que o menino desconhecia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - A Cobra Grande


O mito mais poderoso e complexo das águas amazônicas. Mágica, irresistível, polifórmica, aterradora. “A Cobra-Grande, tem a princípio, a forma de uma sucuriju ou uma jibóia comum. Com o tempo adquire grande volume e abandona a floresta para ir para o rio. Os sulcos que deixa à sua passagem, transformam-se em igarapés. Habitam a parte mais funda do rio, os poções, aparecendo vez por outra na superfície. Durante nossa estadia em Itá, houve ocasiões em que nenhum pescador atreveu-se a sair para o rio à noite, pois em duas ocasiões seguidas foi avistada uma Cobra-Grande... pelos olhos que alumiavam como tochas. Dizem que a Cobra-Grande mora debaixo do cemitério do Pacoval, na ilha de Marajó.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Iara


Mãe-D'água - figura mitológica difundida entre os indígenas e caboclos após o século XVII, de aculturação provavelmente européia e tendo suas raízes nas sereias. Loira e muito bonita, a mãe-d'água atrai os pescadores, ou quem quer que se aproxime de rio ou praia `a noite, e leva o pretendente a afogar-se em busca de diversão. Em algumas comunidades é reputada como protetora das águas e pescas. Sendo meio peixe e meio mulher, apresenta-se a pentear os cabelos, a cantar ou mesmo conversando com algum passante. Encantado e quase que sob efeito hipnótico, o pretenso parceiro mergulha nas profundezas da água, onde sufoca e morre.1
A Iara é uma bonita moça que vive na água, contam os índios. Dizem que é tão linda, que ninguém resiste ao seu encanto. Costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas. Quando se percebe, já é tarde. Ela arrasta a vítima para o fundo das águas. Os índios têm tanto medo da Iara, que, ao entardecer, evitam ficar perto dos lagos e dos rios. Receiam ser atraídos por ela.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Folclore da Região Norte - Curupira


Ser fantástico que, segundo a crença popular, habita as florestas e é o protetor das plantas e dos animais. Referido desde o séc. XVI, o curupira é descrito como tendo a estatura de um menino, pele escura e os pés às avessas, isto é, com os calcanhares para frente; suas pegadas enganam os caçadores e seringueiros, que se perdem nas florestas.


O Curupira e uma espécie de gênio da floresta. Parece-se com um menino de cabelos vermelhos, mas tem o corpo peludo, dentes verdes e os seus pés são virados: o calcanhar para a frente e os dedos para trás. É ele quem cuida dos animais da floresta. Dizem que esses ruídos misteriosos que vêm da mata são causados por ele. Tolera os caçadores que caçam para comer, mas não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam filhotes. Quando vê um caçador que mata por prazer, judia tanto dele, mas tanto, que o coitado, se não morre, fica louco para sempre. Para proteger os animais, ele usa mil artimanhas, procurando iludir o caçador: gritos, assobios, gemidos. O caçador pensa que é um animal ou uma ave e vai atrás do Curupira. Quando percebe, está perdido na floresta. Ao se aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores. Assim, ele vê se elas estão fortes para agüentar a ventania. Se percebe que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto dela.

Folclore da Região Norte - Boitatá


O Boitatá é o gênio que protege as campinas e sempre castiga os que põem fogo no mato. Quase sempre ele aparece sob a forma de uma cobra muito grande, com dois olhos enormes, que parecem faróis. Às vezes, surge também com a aparência de um boi gigantesco, brilhante.


Fazia bastante tempo que havia anoitecido. As pessoas estavam apavoradas, pensando que o dia não voltaria mais. E como a noite estava durando muito, tudo ficou desorganizado. Não havia mais carne. As colheitas não podiam ser feitas no escuro e ficaram perdidas. Todos estavam cansados da escuridão, daquela noite estranha, onde não brilhavam a lua nem as estrelas, onde não se ouvia um rumor, nem se sentia o cheiro dos pastos e o perfume das flores. Tão grande era a escuridão, que as pessoas tinham medo de se afastar e não encontrar mais o caminho. Ficavam reunidas em volta das pequenas fogueiras, embora as brasas, cobertas de cinza, mal esquentassem... Ninguém tinha coragem sequer para soprá-las, tão desanimados estavam todos. Não muito longe, numa gruta escura, vivia a Boiguaçu - a Cobra Grande - quase sempre a dormir. De tanto viver no escuro, seus olhos tinham crescido e ficado como dois faróis. No início da longa noite, caiu uma chuva tão forte e seguida, que todos os lugares baixos foram inundados. Os bichos atingidos correram, aos bandos, para os lugares mais altos. Só se ouviam berros, pios, gritos. O que salvou as pessoas foram as fogueiras que, então, havia sido acesas. Não fosse isto, não teriam sobrevivido diante daquela multidão de bichos apavorados. A água também invadiu a gruta onde morava a Boiguaçu. Ela custou muito para acordar e quase morreu afogada. Por fim, despertou; percebendo o perigo, deixou o esconderijo e seguiu para onde já estavam os outros bichos. Diante da necessidade, todos acabaram ficando amigos: perdizes, onças, cavalos.... Menos o Boiguaçu. O seu mau gênio não lhe permitia conviver com os outros. Ficou de lado, o mais longe possível. A chuva cessou, mas com a escuridão que fazia, os bichos não conseguiram encontrar o caminho de volta. O tempo foi passando e a fome apertando. Começaram as brigas entre eles. Brigavam às escuras, sem enxergar nada! Somente a Boiguaçu via tudo, com seus olhos de fogo. Acontece que, se os outros animais sentiam fome, a Boiguaçu também andava com o estômago no fundo. Só não havia atacado por causa da grande quantidade de animais. Se a cobra podia ficar muito tempo sem comer, os outros bichos já não podiam mais. Ela percebeu isso e viu que era chegada a hora. Preparou-se, então, para o ataque. O que comeria em primeiro lugar? Um cavalo? Uma onça? Uma perdiz? Eram tantos, que ela nem sabia. Os bichos têm preferencia por determinada coisa. A Boiguaçu gostava especialmente de comer olhos. Como era grande a quantidade de animais que ela podia atacar, naturalmente ia ficar satisfeita comendo apenas os olhos. O animal que se encontrava mais perto era justamente uma enorme onça pintada. A Boiguaçu atacou-a. Fosse em outra ocasião e a onça não teria sido presa tão fácil, não! Porém, enfraquecida pela fome e cega pela escuridão, ela nem reagiu. A Boiguaçu matou a onça e comeu-lhe os olhos. Logo depois, atacou outros animais. Mas só comia os olho. Gostou tanto que não fazia outra coisa. Ou melhor: também dormia. Quando estava satisfeita, recolhia-se num canto e dormia, dormia.... Depois, quando a fome voltava, ela retornava ao seu trabalho de matar os companheiros. Como sua pele era muito fina, ela começou a ficar luminosa, com a luz dos inúmeros olhos engolidos. Os que viram a cobra não reconheceram mais a Boiguaçu e pensaram que fosse uma nova cobra. Deram-lhe, então, o nome de Boitatá, ou seja, cobra de fogo, nome muito apropriado, pois realmente ela era uma grande listra de fogo, um fogo triste, frio, azulado. A partir de então, as pessoas não tiveram mais sossego. Viviam com medo de ser atacadas pelo monstro. Do jeito que ele andava matando os bichos, logo necessitaria atacar as pessoas. Entretanto, tiveram sorte. A preferência do Boitatá foi a sua própria perdição. Só comia olhos e, assim, foi ficando cada vez mais luminoso e mais fraco, também, pois os olhos não sustentavam, embora lhe satisfizessem o apetite. Tão fraco ficou que acabou morrendo, sem conseguir sequer sair do, lugar! O monstro morreu, mas a sua luz esparramou-se pelos brejos e cemitérios e hoje pode tomar a forma de cobra ou de touro. Parece que, por castigo, o Boitatá ficou encarregado de zelar pelas campinas. Logo que ele morreu, o dia surgiu outra vez. Foi uma alegria enorme. As pessoas voltaram a sorrir e as aves, a cantar. Tudo, enfim, voltou a ser como era antes